
Hortência chegou da escola e trancou-se no armário de roupas do seu quarto. Tudo que queria era encontrar o “espírito” que morava em seu armário. Dizia ela ser seu melhor amigo. Alguém com quem conversava e que a entendia, que a dava conselhos...
- Hoje eu joguei vôlei e fiz cinco pontos... Dizia ela
Silêncio em seguida.
Seus pais já haviam contratado psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, padres exorcistas, mães de santo, cartomantes... e nada... Eles já estavam preocupados com sua filha única. Passou dois dias trancados lá. Ela e o espírito. Até que na terceira noite, eles não agüentaram e abriram a porta.
Um cheiro forte subiu. Era o corpo morto de Hortência jogado no chão com uma faca de cozinha enfiada no peito. Ao lado, em cima de uma calcinha, uma carta escrita com uma letra de forma estranha, que não era de sua filha.
- Ela precisava de amor. Vocês não deram, eu a levei para ser feliz comigo em meu mundo. Ass: Espírito.
A mãe levou dez anos para sair do hospício depois do ocorrido.